Projeto Papel de Foto lança coleção de fotolivros em Caruaru

Publicações resultantes do curso incentivado pelo Funcultura terão distribuição gratuita para o público.

A coleção de fotolivros do projeto Papel de Foto será lançada na próxima sexta-feira, dia 4 de agosto de 2017, a partir das 17h, no Centro de Formação Cultural N’golo Capoeira Angola, que fca no pólo cultural da antiga Estação Ferroviária, no centro de Caruaru (PE). Os quatro fotolivros da coleção, intitulados ÉterSem Pressa, Koan e O Mapa do Abandono, trazem o resultado do curso Papel de Foto, ministrado no mês de julho por Ana Lira (Retratografa), Daniela Bracchi (LabFoto), Nathália Queiroz e Sabrina Carvalho (Livrinho de Papel Finíssimo Editora), no Fotolab/UFPE em parceria com o Laboratório de Prototipagem do Armazém da Criatividade.

Os participantes produziram uma tiragem de 500 fotolivros (125 unidades de cada título) que será distribuída gratuitamente ao público, após a roda de conversa com a turma, as ministrantes e parceiros do projeto. Os visitantes podem escolher um, entre os quatro títulos disponíveis, para levar para casa e terão a oportunidade de discutir os resultados de cada projeto com os próprios autores e editores.

Papel de Foto é um projeto incentivado por meio do edital 2015/2016 do Funcultura Independente, que levou para o agreste uma formação dedicada a criação de publicações fotográfcas. O curso foi aberto a fotógrafos, artistas visuais, comunicadores, designers, ilustradores, profssionais do setor gráfco e qualquer profssional que tenha imagem ou a produção gráfca como meio de pesquisa e/ou trabalho.

O objetivo foi apresentar aos participantes o contexto que tem sido responsável por uma mudança sensível no cenário editorial da fotografa, ampliando a percepção sobre as possibilidades de construção de fotolivros, a importância da criação de redes entre fotógrafos e demais criadores do setor gráfco (designers, impressores, fornecedores de materiais, circuitos de transporte, feiras, festivais, entre outros).

Foram abertas 20 vagas para toda a região agreste e os participantes vieram de cidades como Caruaru, Belo Jardim, Gravatá, entre outras. A formação previa 30 horas de atividades, mas teve cerca de 60 horas de envolvimento do grupo na criação de um ateliê coletivo para construção das publicações. Parte do processo utilizou tecnologias digitais de impressão e a outra parte processos artesanais de montagem e fnalização dos livros, fortalecendo o retorno das práticas manuais vistas em editoras e festivais que estão se espalhando pelo país.

Novos formatos de publicações independentes e feiras, no Brasil

A última década foi importante na consolidação de um forte cenário de publicações e feiras. No Brasil, há, hoje, diversas boas feiras independentes como a Paraguassu (BA), Miolos (DF), Tijuana (SP), Plana (SP) e Parada Gráfca (RS) cujos espaços são disputados por editoras da América Latina, Europa e Ásia, que vêm ao país tanto para vender quanto para garimpar nomes com potencial de circulação. Por serem organizadas por coletivos e editoras independentes/artesanais e trabalharem, em geral, com mapeamento de circuitos gráfcos de baixo custo, estas feiras exibem livros de boa qualidade com preço e circulação acessíveis, atraindo o interesse de quem gosta de impressos.

A questão é que, como em outros circuitos de difusão e circulação, a maioria destas editoras e feiras está no eixo Rio-São Paulo, fazendo com que diversos fotógrafos das regiões norte, nordeste e centro-oeste continuem disputando com outros fotógrafos do país o mesmo funil que já disputam no panorama de premiações e exibições. Diante da qualidade dos projetos produzidos em Pernambuco (que sempre foi um dos estados que mais publicou livros de fotografa no país) e do cenário apresentado, o circuito fotográfco local decidiu mapear e incentivar o desenvolvimento de propostas semelhantes no estado.

Editoras independentes, como a Livrinho de Papel Finíssimo e a Aplicação, têm sido cada vez mais procuradas por fotógrafos para desenvolver projetos, a exemplo do livro-catálogo do projeto Feira da Quinta, de Iezu Kaeru, produzido como um fotozine pela Livrinho. O debate tem ganhado corpo, em Recife, nos últimos anos, por meio de realização de festivais como o Publique-se (incentivado em 2015 pelo Funcultura), conduzida por produtores locais em espaços culturais da cidade, mas não tem sido expandido para o interior do estado, embora o número de grupos e fotógrafos com bons projetos tenha crescido substancialmente nas regiões da zona da mata, agreste e sertão.

Outros Eixos

Foi para promover este tipo de intercâmbio e pensar em maneiras de criar e fortalecer novos eixos de publicação que o curso Papel de Foto foi pensado. Entre as atividades propostas, os participantes foram apresentados ao panorama desta mudança no mercado editorial, refletiram sobre o potencial do agreste na produção deste tipo de publicação, fzeram visitas de campo para produzir um mapeamento do circuito produtivo (fornecedores de materiais, encadernadores e serviços de impressão disponíveis para a realização de publicação de teste); tiveram conversas com mediadores culturais e discutiram o contexto de editais, feiras, fnanciamentos, dinâmicas de circulação de fotolivros e fotozines, entre outros. Uma segunda turma está prevista para o mês de agosto de 2017, em cidade ainda a ser defnida pela organização do Papel de Foto. No fnal do projeto, vai ser elaborado um banco de informações com os dados coletados, que serão disponibilizados para a rede criada por meio do curso e para o público por meio do blog http://www.circuitospossiveis.wordpress.com.

Serviço:
Lançamento da Coleção Papel de Foto (Éter, Sem Pressa, Koan e O Mapa do Abandono)
Data: 4 de agosto de 2017
Local:
Centro de Formação Cultural N’golo Capoeira Angola – Pólo cultural da antiga Estação Ferroviária
Horário: a partir das 17h
Atividades: roda de conversa e distribuição gratuita dos fotolivros


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